Em 1987, Operário-MS era campeão brasileiro do Módulo Branco da confusa Copa União

Após ser campeão brasileiro, o Flamengo reacendeu a discussão sobre o título de 1987, em disputa que foi parar na Justiça com o Sport.  A decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) aponta o clube pernambucano como o único campeão nacional daquele ano. O Flamengo, no entanto, ainda reivindica o reconhecimento de seu módulo da Copa União, sem o cruzamento com outras divisões, como o torneio nacional de fato. Estamos aqui falando disso justamente para lembrar da conquista do Operário Futebol Clube no mesmo ano, quando o troféu de campeão do módulo branco foi levantado pelo glorioso Galo.

O ano de 1987 foi um dos mais confusos que o futebol brasileiro já produziu. Enquanto CBF e Clube dos 13 se engalfinhavam no desfecho da Copa União e do Módulo Amarelo, outras duas competições movimentavam as divisões inferiores. Os clubes preteridos na composição dos campeonatos já citados acabaram movidos para outras duas competições, o Módulo Azul e o Módulo Branco. Mesmo que até hoje nenhuma das duas competições sejam consideradas uma divisão disputada naquele ano pela CBF, na prática há quem diga que foi equivalente a Série C e até quem diga que o campeonato pode ser comparado a Série B. Confira o time da foto do Operario-MS de 1987 Campeão Modulo Branco : Marquinho, Anchieta, Gilson, Marcos Roberto, Celso Zottino, Jorge Luiz; agachados Cido, Silva, Guina, Biá e Bugre.

Sobre os Jogos

No Módulo Branco ficaram equipes do Norte e do Nordeste. No Azul, os clubes do Sul e do Sudeste. O Centro-Oeste se dividiu entre os dois módulos.  O Módulo Branco foi chamado de Taça Rubem Moreira e também teve a participação de 24 times. Com grandes lembranças de Brasileirões do passado, o Operário de Campo Grande possuía boa tradição para ser considerado um favorito. O clube ficou no grupo 1, com Mixto e Operário, ambos representantes do Mato Grosso, e time de Sobradinho, do Distrito Federal.

A estreia do Galo sul-mato-grossense não foi a esperada. O time viajou até ao estado  vizinho no norte e acabou perdendo por 2 a 1 para o Mixto, em Cuiabá. Na segunda e terceira rodadas veio a boa recuperação, com duas vitórias no estádio Morenão, por 4 a 0 sobre o Sobradinho, e por 1 a 0 sobre o Operário de Várzea Grande.

A classificação alvinegra foi consolidada fora de casa com vitórias por 2 a 1 sobre o Operário VG no Mato Grosso, e por 1 a 0 sobre o Sobradinho no Distrito Federal. Na última rodada, iria decidir a liderança da chave contra o Mixto em casa, mas mesmo jogando com o apoia da sua  torcida no estádio Pedro Pedrosssian, o Galo foi derrota pelo placar mínimo no grupo A. Somando oito pontos em seis jogos, o Operário-MS se classificou na vice-liderança.

Na segunda fase, o adversário foi a Catuense, clube que terminou em primeiro lugar no grupo B, com 10 pontos conquistados em cinco vitórias. Mas o Operário de Campo Grande não tomou conhecimento da boa campanha dos baianos e venceu por 2 a 0 no estádio Morenão e conquistou a classificação  empatando na volta, na Bahia.

Na terceira fase, a tabela fez novamente o Galo enfrentar o Mixto-MT, até então seu algoz na competição. Repetindo a fase anterior contra o time da Bahia, o Galo tratou os jogos como uma "revanche" contra o time de Cuiabá e jogando com raça conquistou uma importante vitória pelo placar de 2 a 0, muito comemorada pelos jogadores e torcedores em Campo Grande. A partida decisiva foi realizada no estádio José Fragelli em Cuiabá, e o Galo arrancou a classificação após um empate de 2x2 conta a forte equipe do Mixto.

Após eliminar seu até então algoz, o time alvinegro se classificou para o triangular final (também com apenas um turno) ao lado de Botafogo-PB e Paysandu-PA. A primeira rodada foi de folga para o Galo, enquanto paraenses venceram por 2x0 os paraibanos. A estreia Operariana foi em João Pessoa, e trouxe da Paraíba um empate sem gols contra o Botafogo.

A grande partida final decidiria o título do Módulo Branco. No jogo realizado somente em janeiro de 1988, Operário-MS e Paysandu-PA se enfrentaram no estádio Morenão, e o Galo jogou contando com apoio da sua imensa torcida e no final conquistou a vitória que precisava, pelo placar de 2 a 1. Com três pontos em dois jogos, o time sul-mato-grossense conseguiu o título do Módulo Branco, a única conquista nacional até hoje do clube.

O zagueiro Anchieta e o meia Biá visitaram o estádio Morenão (Crédito: Jornal O Estado MS)

A competição é revivida pelos alvinegros, que mantém acesa a lembrança, como foi relatada em entrevista ao Jornal O Estado do MS pelos campeões da épica. À convite da reportagem na época em que o clube comemora 75 anos, o zagueiro Anchieta e o meia Biá visitaram o estádio Morenão. Ao pisarem no gramado do estádio, a dupla recordou o dia 31 de janeiro de 1988, quando o Operário enfrentou o Paysandu-PA pelo último jogo do triangular final do torneio nacional.

"Naquela época, o Operário entrava no torneio para ser campeão", relembra Biá. O time era formado em sua maioria por “pratas da casa”. Dos titulares, somente Bugre, Jorge Luiz, Silvio e Guina eram de outros estados. Guina, excentroavante do Palmeiras, foi o autor do gol de pênalti que garantiu o Brasileiro do Módulo Branco. “É o título mais importante do Operário, os outros são estaduais. O que marca o clube é ser campeão brasileiro e o Operário tem na sua história este título”, orgulha-se Anchieta. O Brasileiro de 1987 foi disputado por 24 clubes e o Operário venceu sete das 12 partidas disputadas.

“Não vejo problemas. Se o Brasileiro vale pela segunda ou terceira divisão, (o título) foi conquistado dentro de campo. Os adversários eram do nível que é hoje disputado a Série B. Teve importância, tanto que no ano seguinte o Operário foi disputar a 2ª Divisão”, finalizou Biá.

A atual gestão do presidente Estevão Petrallás, por meio legal oficializou com o advogado Daniel Pasqualotto uma solicitação junto a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pedindo a legalidade e oficialização deste título da competição realizada pela própria entidade esportiva. O Trófeu Rubem Moreira se encontra nas dependencias do clube. "É nossa conquista realizada em campo, espero que a CBF oficialize essa conquista operariana",  finaliza Petrallás.

* Confira clicando AQUI todos os Jogos do Módulo Branco do Campeonato Brasileiro de Futebol de 1987

Arte: Reprodução Raça Operariana